Corporate Venturing: porque cada vez mais empresas investem em startups?
by Gonçalo Ribeiro, Head of Management Consulting e Group HR Director na LCG. Outubro 2021
Corporate Venturing: porque cada vez mais empresas investem em startups?
A colaboração entre organizações e startups está a mudar a dinâmica da inovação, tanto para as organizações, como para as pequenas empresas ligadas à inovação.
Há muito que a inovação deixou de ser um exclusivo das empresas de Silicon Valley, e em todos os setores vemos hoje empresas a apostar em departamentos de inovação ou a desenvolver projetos inovadores. Até porque as que não o fazem, arriscam-se a não sobreviver, num cenário em que o surgimento de tecnologias disruptivas e de um novo perfil de empreendedor - digital e colaborativo -, estão a ditar a necessidade de muitas empresas se reinventarem sob pena de virem a desaparecer.
Contudo, inovar é uma tarefa extremamente desafiante e que exige tempo, conhecimento especializado e processos flexíveis e preparados para abraçar a inovação. E se pensarmos que muitas oportunidades para transformar ideias inovadoras em novos produtos e serviços estão muitas vezes fora do setor de atuação da empresa, esta missão pode ser ainda mais difícil.
Não é por isso de admirar que o Corporate Venturing seja uma das estratégias que mais tem crescido nos últimos tempos, com um número cada vez maior de empresas a formar parcerias com Corporate Venture Builders - empresas que fazem a ponte entre as organizações e as startups.
“Muitas vezes as empresas não têm soluções internas. E aí o caminho pode ser o de entrar no ecossistema da inovação e procurar parcerias que lhes permitam inovar, trazer para o mercado soluções que sozinhas não conseguiriam desenvolver. E com isso, podem crescer e ser mais competitivas.”
Gonçalo Ribeiro, Head of Management Consulting e Group HR Director, LCG
O que é o Corporate Venturing?
Corporate Venturing diz respeito às estratégias de inovação que envolvem uma parceria entre grandes empresas e startups. Uma relação em que todos saem a ganhar: por um lado, ao investir em startups, as grandes empresas conseguem ligar-se ao que há de mais disruptivo no mercado, conquistando os diferenciais competitivos que tanto ambicionam. Por outro, as startups conseguem ampliar o seu networking, conquistar uma maior projeção da sua marca ou até obter a alavancagem financeira de que precisam para transformar a sua ideia num negócio.
A LCG partilha desta visão. Como refere Gonçalo Ribeiro,
“Na LCG acreditamos que investir no ecossistema das startups é uma grande oportunidade para crescer e inovar, e uma estratégia de parceria em que as empresas podem alcançar a inovação que procuram e em que as startups podem ter a oportunidade de que precisam para que as suas ideias inovadoras não sejam só ideias”
Mas de que forma podem as empresas inovar através do Corporate Venturing?
- Através de parcerias com startups sem investimento direto. Estas parcerias incluem, por exemplo, programas de scouting, incubação e aceleração de startups em free-equity, a colaboração com as startups em projetos internos da empresa ou a criação de laboratórios de inovação em estreita colaboração.
- Investindo diretamente nas startups (Corporate Venture Capital). O Corporate Venturing é uma estratégia que exige um certo nível de maturidade por parte da empresa. Assim, o Corporate Venture Capital é considerado o formato mais evoluído da parceria entre grandes empresas e startups. Aqui a empresa investe financeiramente nas startups, podendo mesmo adquiri-las. O caminho estratégico é construir, tornar-se parceiro e comprar.
Em ambas as abordagens, os benefícios para as empresas são vários:
- Trazer inovação externa para dentro da organização. Através da parceria com startups que estão a inovar, as empresas conseguem ter um acesso à inovação que de outra forma seria muito mais difícil de alcançar.
- Antecipar-se às grandes mudanças do mercado
- Aumentar a competitividade. Através da inovação as empresas conseguem ser mais competitivas nos seus mercados, mas também entrar em novos mercados.
- Criar novos produtos e serviços, aproveitando os conhecimentos e experiência das startups nessa área
- Aceder a tecnologias emergentes, a um novo nível de digitalização e a modelos de negócios disruptivos
- Trazer para dentro da organização uma cultura de inovação, mas também de colaboração
- Alcançar uma maior proximidade com as tendências de mercado e de modelos de negócio
- Aumentar os lucros através do investimento (Corporate Venture Capital).
Apesar do crescimento do Corporate Venturing e dos inegáveis benefícios deste tipo de estratégia, é preciso ter alguns aspetos em conta. Desde logo, o alinhamento da cultura e a estratégia da empresa: para que estes projetos de inovação se concretizem e tragam valor para a organização, é necessário que sejam parte de uma estratégia global de inovação.
“Inovar não pode ser só uma palavra bonita e que está na moda. A empresa tem de ter uma estratégia, tem de perceber quais são os seus objetivos, que retorno espera dessa parceria. E é preciso também ter em conta que muitas startups abrem falência nos primeiros anos e que ser empreendedor não é fácil”,
refere Gonçalo Ribeiro. E acrescenta:
“Quando estes dois mundos se unem – o das empresas e o das startups -, abre-se um caminho sem retorno para a inovação. E acredito que este é o caminho. Um caminho em que a cooperação torna as empresas mais competitivas e as ajuda a antecipar o futuro.”