by Pedro Rebelo, CEO da LCG. Maio 2019
Realidade aumentada, inteligência artificial, deep learning, big data, robotização , etc., há muito que deixaram de ser conceitos distantes, para fazerem parte da realidade diária, numa era marcada por constantes disrupções na forma como trabalhamos e vivemos.
O impacto da transformação digital está a alterar o mundo corporativo, obrigando as empresas a repensar os seus modelos a um ritmo sem precedentes e já ninguém duvida de que as organizações que não forem capazes de se adaptar e antecipar os efeitos destas transformações, terão sérias dificuldades em sobreviver.
As empresas procuram cada vez mais focar-se na transformação dos seus negócios através do recurso às ferramentas proporcionadas pela revolução digital, de forma a otimizar os seus processos, no entanto, não podem perder de vista dois eixos fundamentais:
A revolução digital é sobretudo, uma transformação de mentalidades e tem muito mais a ver com pessoas do que com a simples incorporação de novas tecnologias. A crescente automação e a digitalização agilizam processos, acrescentam valor e tornam as empresas mais rápidas e competitivas, mas ao mesmo tempo reduzem a necessidade de mão-de-obra. Por exemplo, as tarefas repetitivas que integram as cadeias produtivas do sector da indústria vão ser cada vez mais, executadas por automação, abrindo-se espaço para que os seres humanos se dediquem a tarefas do domínio da criatividade e da inovação.
Esta alteração de paradigma vem exigir por parte de todas as pessoas que compõem a organização, capacidades criativas e relacionais que os processos mecânicos não exigiam. As empresas terão de repensar funções, formar, educar e acompanhar de forma ativa a sua força de trabalho, reintegrando-a para que cada um dos seus colaboradores continue a trazer valor. É um enorme desafio.
Em segundo lugar, o impacto da transformação digital não se esgota nos clientes e colaboradores de cada organização. Estas alterações profundas não afetam apenas as empresas, mas toda a sociedade. Por isso, é fundamental que as organizações percebam o seu impacto económico, mas também ambiental e social - até porque estas são preocupações que ganham uma importância crescente junto dos consumidores e da comunidade em geral.
A Sustentabilidade é, pois, um fator essencial para que as empresas, qualquer que seja a sua dimensão ou setor, sobrevivam aos desafios das próximas décadas e deve ser integrada num plano global de crescimento sustentado e que tenha como premissa a ideia de que as empresas só fazem sentido porque trabalham com as pessoas e para as pessoas.
A transformação digital e as profundas alterações que traz consigo estão a tornar a Sustentabilidade numa questão central para todas as empresas. Nenhuma organização pode ambicionar manter um negócio a longo prazo e acompanhar as rápidas transformações que acompanham a transformação digital sem pensar na sua responsabilidade no Mundo. Uma verdadeira transformação digital só faz sentido quando integrada numa estratégia em que o digital não é um fim em si mesmo, mas um meio para agilizar processos, melhorar a produtividade e promover o desenvolvimento humano em todas as suas dimensões e não apenas na dimensão profissional.
A transformação digital pode ajudar a economia a crescer e as organizações a tornarem-se mais eficientes. A digitalização tem de ser ela própria sustentável, e a Sustentabilidade tem de ser capaz de tirar partido das oportunidades que o digital oferece.
Trabalhar para responder às necessidades dos clientes, gerando ao mesmo tempo valor para a empresa, investir continuamente no aperfeiçoamento dos recursos humanos, educar para a transformação digital e para os desafios da criação de um mundo mais sustentável, sem nunca esquecer as necessidades da sociedade civil: estes são passos fundamentais que as empresas têm de ser capazes de dar para atingir os seus objetivos de Sustentabilidade e transformação digital.
Transformação digital e Sustentabilidade podem – e devem – caminhar lado a lado e ser parte de estratégia de todas as empresas. Os negócios com futuro são aqueles que mais rapidamente perceberem que só é possível pensar o desenvolvimento económico e tecnológico, colocando na base o mais importante: o ser humano.